16 de mar. de 2013

SETE MINUTOS

04 de Julho. A noite era fria, sem som. Na verdade o dia foi assim, silencioso. Tudo o que passava na minha mente era desgosto. Eu estava sentada diante da plateia e tudo se movia. Todas aquelas pessoas com famílias, casas, amores pra dar conta, e eu continuava ali. Acendia um cigarro. Não fazia ideia do que realmente me esperava por de trás das portas. 

Eu tinha medo. Medo de todos aqueles olhares obscuros e das nuas risadas frias, lembrando da tua mão gelada quando tocava a minha e causava arrepios. Era tudo muito intenso para dois dias, e eu continuava ali. Acendia outro cigarro. Tentava te ligar e tinha medo de não conseguir falar. Imaginava minha língua presa aos pensamentos e ao vazio que me deixava quando descia do ônibus numa sexta-feira à noite. Eu não queria te tentar, e sem muito falar, acho que você conseguia me possuir sem eu menos pensar.

Você se sentia à vontade naqueles dias chuvosos? Eu continuava deitada em lençóis brancos ouvindo as mesmas playlists que só eu compreendia. E te digo tudo e mais um pouco pra não culpar os outros. Fica. Mas se for ficar, que não seja como a maioria que cria o futuro que na realidade já foi desejado. Era um futuro? Eu continuava com medo. Você tinha o poder de fazer tremer a verdade; brilhava com pouco olhar. Tudo isso era mentalizado, dava passos largos e a vontade de chegar em casa na madrugada era maior do que a de te esquecer.

Não sinto por isso, mas desejaria sentir. Sonhava com sete minutos para esfriar o calor e tomar um chá de morango debaixo do edredom. Sem você e nem você. Era sombrio desenhar as imagens e tentar colorir o que já estava rabiscado. Trancava a porta e respirava por quatro segundos. Nada era tão quieto quanto o barulho das chaves trancando a porta de dentro. 


(Matheus Carneiro)


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